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Segundo o dicionário, a realidade é algo que “tem existência objetiva, em contraste com o que é imaginário ou fictício”. Então, por definição, ela é imutável independente de quem a observe. Por exemplo, se você jogar uma pedra para o alto, ela vai subir por um tempo, até perder força e cair no chão. Se outra pessoa também realizar essa ação, encontrará um resultado igual.
Será mesmo? De acordo com um experimento realizado por físicos da Universidade Heriot-Watt, na Escócia, não exatamente. Pelo menos, quando o assunto são sistemas quânticos.

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Como assim?

As regras do que entendemos por realidade não se aplicam da mesma maneira quando lidamos com física quântica (que estuda sistemas físicos com dimensões próximas ou abaixo da escala atômica). Pela teoria quântica, um mesmo objeto (ou fato) pode mudar de acordo com quem o observa. Assim, duas realidades poderiam coexistir, embora sejam completamente diferentes. É o mesmo que dizer que aquela pedra do exemplo acima flutuaria no ar para algumas pessoas.
Esse era um experimento puramente teórico. Até agora.

O experimento

Sob a liderança do professor Alessandro Fedrizzi, do Instituto de Fotônica e Ciências Quânticas da Universidade Heriot-Watt, um grupo de físicos colocou a teoria à prova utilizando máquinas sofisticadas como observadores e um fóton como objeto.
Foram criadas quatro máquinas, chamadas de Alice, Amy, Bob e Brian. No teste, Alice e Bob enviaram o fóton como mensagem para Amy e Brian. E, apesar de as duas primeiras máquinas terem enviado exatamente a mesma informação, Amy e Brian a interpretaram de formas diferentes. O que demonstra que, a nível quântico, não existe uma única realidade possível. Ou seja, os fatos não são objetivos.

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E o que isso significa?

Na nossa vida cotidiana, dificilmente alguma coisa vai ser diferente. Já no campo científico, sim. A ciência trabalha com fatos que são reconhecidamente verdadeiros. Ou seja, sem uma realidade objetiva o desenvolvimento científico se torna, no mínimo, muito mais complicado, principalmente para a mecânica quântica.
Outro ponto é que, como não existe um limite claro sobre onde termina a física clássica e onde começa a física quântica, o experimento nos leva a considerar como a realidade é de fato percebida por nós.

E daqui pra frente?

Naturalmente, os próximos passos são aprofundar essas pesquisas. Através da criação de experimentos mais complexos, com objetos maiores e, quem sabe, observadores conscientes.
Em caso de falhas, esses experimentos poderão nos dizer até que ponto a escala quântica é realmente aplicável. Ou talvez descubramos realidades alternativas que possam coexistir simultaneamente e ser, ao mesmo tempo, verdadeiras e irreconciliáveis. Quem sabe? ?
 
Referências: https://www.technologyreview.com/s/613092/a-quantum-experiment-suggests-theres-no-such-thing-as-objective-reality/
https://www.bbc.com/portuguese/geral-47529442